– O povo unido jamais será vencido!

– O povo unido jamais será vencido! – gritavam os revoltados.

Alguns mantinham-se em casa, ouvindo as notícias pela Rádio Escrotal, mas a maioria manifestava-se na grande baixa da cidade de Testicolândia.

Todos lutavam pela sua liberdade, mas infelizmente nem todos a podiam conquistar.

Os mais pequenos dançavam e brincavam ao som da música de Zeca Afonso, com ar bastante descontraído e despreocupado.

De repente começam todos numa correria. Eram encontrões, eram rasteiras, eram empurrões, eram socos. Uns diziam:

-Chega-te para lá!

Outros:

-Olha aí, o debaixo é meu!

E ainda havia os mais confiantes:

-Óbvio que o primeiro a entrar vou ser eu, fracalhotes!

Era uma enorme e tremenda confusão.

Todos corriam em busca do seu destino. Depois de uma longa viagem pelas trompas de Falópio, houve uma grande luta para entrar no Liberdóvulo, uma estrutura de forma redonda, com um aspecto esquisito, que era o portal da liberdade. Era guardada por um guardazóide, membro da PF, ou seja Polícia Folicular, que guardava a chave e que apenas permitia a entrada de um único espermatozóide.

Quando ia abrir a porta o guardazóide apercebeu-se que se tinha esquecido da chave em Vila Nova de Mil Ovários, situada no distrito de Gónadas. Então teve que informar os colegas que tinham ficado na central, através do seu ovocitalkie, que se tinha esquecido da chave e, se possível, lha viessem trazer. O problema era o trânsito, pois era a hora de ponta e havia muitos espermocarros. Mas conseguiram desenrascar-se e foram de testosterocóptero.

Finalmente o guardazóide conseguiu abrir a porta e um deles entrou. Chamava-se Salgueiro Maia e foi o privilegiado que, no Liberdóvulo, conseguiu entrar.

Após a fecundação, lá vinha de volta ao útero, com a sua telefonia, ouvindo música, e pronto para uma nova viagem!

E assim foi.

Joana Silva 9.ºB

– Preparado para a descolagem, Ash?

– Preparado para a descolagem, Ash? – perguntou Hell, preparando-se para fechar o alçapão da nave.

– Sim. – respondi pouco convicto. – Tenho de estar. – acrescentei mentalmente.

Passando através da névoa mental que me envolvia os pensamentos, chegaram os bramidos com a contagem decrescente

Trémulo, incerto quanto ao que fazer, passei pela estação de abastecimento, onde Hern atestou o depósito da nave de infusão prostática e seminal.

Segui pela uretra, ultrapassando múltiplas naves iguais à minha e atravessei a atmosfera. Continuei em ascensão, passei um buraco negro e um cilindro galáctico chamado vagina. Nesse ponto, fui ultrapassado por duas naves, forçando-me  a  fazer algumas manobras arriscadas para assumir a dianteira de novo.

Avistei uma galáxia irregular, “útero”, e aproximei-me. Era como uma enorme cavidade avermelhada e gigante.

Uma bifurcação obrigava-me a escolher que lado seguir. Optei pelo esquerdo e prossegui por um minúsculo túnel. Ao fundo, desenhava-se um planeta alienígena, aproximei-me com o intuito de estacionar a nave e explorá-lo, no entanto, uma tabuleta na parede do túnel dizia-me para não o fazer. Abri o alçapão e mergulhei para a pequena bola de luz.

Joana Real 9.º A

Next Newer Entries